Não é apenás um título então será esse o título: muitas coisas que merecem ser título

Para quem pediu textos como os antigos: grandes. E para quem pediu mais Letícia nos textos. E para mim, minha maior leitora. E para você, talvez sentindo-se intimado demais ou numa reunião de AA.


Há tempo para sorrir e tempo para franzir-se. Há horas na varanda esperando virar coisa além de tempo. Há desapego total — de todo tipo — de homem caipira em apartamento.
A quebra de coesão também é arte.
Os extremos não possuem nada em comunhão exceto o fato de serem distintos. O que se vive hoje já foi passado em tempos anteriores: o Sol que nasce hoje é o mesmo de ontem e da pré-história. A água que se bebeu pela caminhada já foi sangue de ave e suor de egípcio. Isso não torna a água menos água.
Da mesma forma que quem envelhece não se desprende do que era. Muda, sim, o jeito de falar, as frases dogmáticas da cabeça. Ou talvez não. Mas o que foi antes também é agora: mascarado ou não, com roupa diferente ou não.
Estupidez é inerte e sempre terá frustração. O jeito é ler carisma na falsidade, buscar amor no adultério, encontrar fervor aconchegante na discussão. E amar pelos detalhes assim como se ama pelos defeitos.
Os dias passam e o tudo passa também. Foi ouvido numa conversa de elevador que até ferro passa. E até uva!
Mas não provocou risos.
Foi mesmo é ironia. Porque vive-se escravo daquilo que não se tira proveito. É uma dívida invertida que não será paga a ninguém. O dinheiro acaba, a beleza acaba, a sensibilidade talvez. E tudo vai para o meio do saco, porque na busca de tudo o que é passageiro foi deixado de lado a bondade.
Então, se meu leitor me permite tal invasão da vida pessoal que muito provavelmente não hei de merecer conhecer, gostaria de pedir sutilmente, a bondade.
Não é filantropia: é bondade.
É pensar em falar mal de quem você odeia e segurar a língua. É ser paciente na fila do Starbucks. É não xingar o garçom pela salada que veio com cebola. É deixar o cenho curvado virar dente aparecendo. É não ser leviano.
Por mais que se tente, não é possível ser bondoso com tudo. Contudo, nos momentos cabíveis que haja esforço pleno.
Pois com bondade o bastante não haveria violência. E com bondade demais não haveria mundo.
Finaliza-se então desta forma: entre o terraço do prédio e o início dos terremotos, deve haver você. Acima, os hipócritas. Abaixo, os pobres. Não de ouro, mas saudade de algo inalcançável.

13 escafandrinhos disseram algo:

Franck disse...

Letícia, que intenso! Que energia! Que poetico...que...que... lindo!
Um beijo!

Unknown disse...

Não é a sua primeira vez aqui (No About), Letícia. Realmente as coisas mudaram muito, mas o que não mudou foi a minha fidelidade a certos blogs. Desculpem-me os outros, mas não sou de gostar de tudo que vejo/leio e quando gosto, eu gosto e ponto e assim é com o Escrafando. Suas palavras penetram n'alma. Eu é que agradeço e volte sim, sempre!

Unknown disse...

Volto para fazer um comentário do texto amanhã, quando essa dor de cabeça passar. beijos

Thais Cristina, disse...

Lindo e não preciso dizer mais nada!
Você escreve perfeitamente - eu sempre digo e repito - e você sabe disso.

Saudades de ler o Escafandro *-*

p.s: good news, minha net voltou e agora não saio mais daqui!
Bjos ;)

Larissa disse...

Tão bem escrito que só tenho elogios pra você, rs.
Gosto de vir aqui pelo aconchego do teu blog. É bom sair do meu mundo às vezes. rs

Beijos.

Anônimo disse...

Fiiinalmenteee HAUEHAEuhaeuh


disse que ateh inspiração tem seus tempos de idas e voltas...

viw.. .to mto feliz MESMO .. precisamos conversar! colokar coisas em dia...

beeijo =*
meu

Caleidoscópio de Idéias disse...

"O jeito é ler carisma na falsidade, buscar amor no adultério, encontrar fervor aconchegante na discussão. E amar pelos detalhes assim como se ama pelos defeitos." Amei muito esse trecho.
Escreves com tanta emoção em suas palavras.
beijos.

Rodolpho Padovani disse...

Acho que sem bondade e um pouco de empatia a gente não chega a lugar algum. A vida pode até enganar aqueles que se julgam melhores e mais espertos do que os outros, mas lá na frente o tombo vai ser maior. Por isso é válido ser menos intransigente em alguns aspectos e mais receptivos em outro, afinal a gente sempre espera que sejam bons com a gente, devemos um pouco disso às pessoas também.
Belo texto e me proporcionou uma bela reflexão.

Bjs =)

Jeniffer Yara disse...

Sempre escrevendo maravilhosamente.Seu texto remete exatamente o que penso,e é preciso bondade mesmo,nosso país,nosso mundo não está equilibrado,há maldade demais.

Beijos.

Nicole Zuñiga disse...

E essa intesidade, essa sensibilidade, essa sinceridade, essa naturalidade, talvez até sua própria bondade, é o que me faz voltar aqui. Me conforta, me anima;
Vejo unicórnios nos seus olhos, você é uma FOFA!

Ariana Coimbra disse...

primeira vez que venho aqui e ja me deparo com esse texto intenso, maravilhoso, fiquei sem palavras, simplesmente perfeito!


Beijos

Unknown disse...

Adoro muito os seus textos. São tão intensos e transmitem o sentimento verdadeiro. Parabéns!

Beijos.

Anônimo disse...

Quero mais e nada de aparecer mais... acho que hj vc deve peostar alguma coisa neh?

aehehae.. beeijo =*

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Tenho um blog no qual publico coisas que não consigo dizer neste aqui, Leticia Poesia, que é mais movimentado. Só disponibilizo para pessoas que não conheço, para meus amigos blogueiros. Se quiser ler, é só me mandar comentário com e-mail que eu coloco na lista de leitores.

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