Sonho - Parte I



De repente eu caí de pé sobre um piso que piscava. Olhei para os lados: música alta, gente dançando e eu jogada assustada no meio delas.
-Olha o jantar! - gritou alguém do fim do mundo, para onde eu caminhei até encontrar uma mesa de madeira esculpida com as mais belas formas de flor. O móvel ocupava todo o recinto e, em cima dele, havia um banquete guloso ansioso para ser mordido. Na ponta da mesa, num trono de couro vermelho, sentava-se minha avó. Eu percebi naquele momento que toda a música e comida se devia à comemoração de seu aniversário. Na mesa gigantesca via-se então três pessoas: eu, minha avó materna e minha mãe.
Minha prima Juliana chegou com um controle de carro-remoto nas mãos, e pediu para que eu a acompanhasse numa conversa fora do hotel. Eu só havia percebido que era um hotel porque ela disse. Então me levantei, e minha tia tomou meu lugar ao xingar alguém que dançava vulgarmente na pista de dança.
Ao sair pela porta, o sereno se moldou a meu pulmão e eu senti frio.
-Você não vem? Senta aqui, ó! - dizia Juliana, enquanto eu montava na garupa de uma bicicleta velha, e qual era comandada pelo controle de minha prima. Ela acelerou e comecei a reparar no que tinha ao redor: estávamos numa estrada de paralelepípedos cercada de uma vegetação molhada e cheirosa: cheiro de mato depois da chuva. O vento me fazia fechar os olhos, mas o passeio estava sendo de uma graça inexplicável.
Andamos por... Por um tempo vagaroso. Quando a estrada acabou, descemos da bicileta. Ela era interrompida por uma parede de concreto em blocos, um sobre o outro, formando um muro alto demais para se enxergar o fim.
-A gente tem de voltar, é desfeita pra vó. - eu que falei, dessa vez. Eu e Juliana nos viramos para procurar a bicicleta; tinha sumido.



Queria muito contar um sonho que tive mês passado, e aqui está a sua primeira parte. É muito longo, então terminarei de contar na próxima postagem
PS: qualquer semelhança com Alice no País das Maravilhas é pura coincidência.
Essa imagem é parecidíssima com o sonho, mas, ao invés de asfalto, imagine paralelepípedos. E ao invés de dia, noite. Ao invés de um homem na bicileta, duas adolescentes.

1 escafandrinhos disseram algo:

Bianca Ribas disse...

mais mais, conto simples, mas CONTAGIANTE. QUERO MAIS

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