Durante a praia

A água cobre mais de um metro a partir de meus pés mas ainda consigo vê-los. Estão claros, mas não mais claros do que o mar: azul meio que verde, engolindo a areia amarela meio que cinza.

Começo a pensar quando novamente vou sentir o que estou sentindo, como uma saudosista, mas do presente.
Não me permito deixar transparecer, mas por dentro queimo.
Penso nele a todo instante, desejando que estivesse ali comigo para sentir o mesmo que eu, esquecendo-me de que talvez não estejamos numa fase tão boa.
Tenho me encontrado numa linha fina entre o fim e o melhor ainda. Sinto medo de pisar em falso e cair na primeira opção.
Mas depois uma onda abraça minha pernas e quando as solta leva consigo minhas indagações, deixando comigo a correnteza gelada, que carimba no ar pequenas faíscas d'água.
Depois volto para a areia e, ao ler uma das crônicas pessoais de Clarice, descubro que ela sentia medo de se relacionar, que geralmente recusava convites que davam margem à possibilidade de encontros mais pesadamente amorosos. Fiquei surpresa. Ver alguém tão sentimentalista evitar relacionamentos parecia um quebra-cabeças de três peças. E com a última faltando.
Mas deixei o pensamento arquivado em paz, porque de conflitos e dúvidas, minha cabeça já está cheia.
Esse é o jeito que entro em harmonia comigo mesma: organizando ideias, supondo loucuras e solucionando enigmas pensados por mim mesma com informações que apenas eu sou capaz de assimilar. Vivo bem assim, e se não me entender não precisa gostar de mim.
Basta me respeitar.

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