Meus amores eternos

Eu me olho no espelho e vejo como cresci. O que me faz pensar nisso? Essa maquiagem preta ao redor dos meus olhos? O cabelo liso e com corte moderno? Acho que é a maturidade, porque por fora mudou bastante coisa, mas não tanto quando por dentro.

A morte sempre me intrigou muito. Me assusta, não gosto de pensar nisso. Mas eu penso nisso todo dia. E não: não sou uma criança doentia que precisa de socorro mental. Eu só tenho minhas dúvidas da juventude...

Eu penso nos meus avós, e no quanto eu amo cada um deles. É difícil imaginar como vou me sentir quando eles tiverem ido embora realmente. Eu não vejo muita gente tão apegada aos avós como eu nos dias de hoje... Eu acredito que a gente tem muito o que aprender com essas pessoas, porque elas são muito experientes. Adolescente tem mania de andar com o rei na barriga achando que gente velha não entende nada de bosta nenhuma. É o contrário: quem não entende somos nós, achando que os problemas da sociedade começaram hoje.

Então eu repito para mim, mais uma vez: não pense nisso, não está na hora de pensar nessas coisas. Mas é inevitável. Esses assuntos vão surgir de qualquer forma. E o único jeito de não me arrepender (mesmo que parcialmente) no futuro, é fazer do presente o melhor tempo da minha vida. Eu abraço meus avós toda hora (eu tenho os quatro deles vivos), peço ajuda, conselho... Eu converso muito com a minha avó Neise. A gente troca muitas idéias, sobre religião (ela é espírita/católica, meio difícil de explicar), sobre garotos, dificuldades de aceitação, o fim do mundo, o universo á quatro. Eu a amo demais. (saco, não quero chorar)

O que eu queria postar como assunto principal é o que cada um deles ensinou para mim. Então eu vou começar logo (porque quando eu empolgo, as postagens ficam gigantescas).

Minha avó Neise me ensinou a nunca ter vergonha de nada. Um dia ela me perguntou: você tem vergonha do seu pai? Eu respondi que sim, quando ele me abraçava no shopping, porque eu tinha vergonha de todo mundo que ficava olhando para nós dois. E era verdade, aquilo era o fim dos tempos para mim. Então, na próxima vez que nós nos encontramos, ela me deu uma carta, e pediu para que eu lesse eu voz alta na frente dela. Eu não lembro direito do que estava escrito, porque isso aconteceu já faz uns quatro anos... Mas ela pediu para que eu não tivesse vergonha disso. Para que eu não tivesse vergonha de nada. Ela perdeu o pai dela e disse que se arrepende de certas coisas que ela podia ter feito e não fez. Ela falou que eu nunca ia saber quando meu pai ia ir embora, e que o que os outros pensam era problema deles...

Eu nunca me esqueci dessas palavras, e a partir disso, essa carta virou uma das minhas filosofias de vida. Não tenha vergonha de mostrar ao mundo quem você é, não tenha vergonha de seus pais, nem de fazer coisas loucas com eles em público. Não perca o tempo precioso com eles que passa e nunca mais volta............

Meu avô Antônio Carlos me ensinou a ter força de vontade. Eu lembro do dia que isso aconteceu como se fosse semana passada. A família toda estava na sala e eu lá, roendo minhas unhas. Minha mãe chamou minha atenção para que eu parasse com aquilo, e eu disse: "Mãe, não consigo, é mais forte que eu..." E meu avô me falou: "Letícia, isso se chama força de vontade... é quando você luta de verdade para conseguir algo difícil." Aquilo jamais daiu da minha cabeça. Eu não roí unhas por uns 5 anos depois disso. Boa aluna, han?

Bem, agora a parte materna da família.

Minha vó Lourdes. Ela me ensinou muita coisa, mas as principais foram: rir de tudo e saber coisas básicas de faxina. Ela é uma expert em tudo que diz respeito à casa. Ela sabe tirar quaquer mancha de qualquer tecido. Ela sabe milhares de receitas maravilhosas de cabeça. Nossa, ela me ensinou a fazer muita comida, muitas técnicas de culinária... Bem, ela já foi cozinheira, isso não é de se espantar. Eu sempre peço à ela que me conte histórias de quando ela era jovem. Eu poderia ficar o dia inteiro ouvindo e ouvindo. Eu adoro descobrir coisas do passado das pessoas...

E então vem meu vô Lourival. Ele é muito legal, e eu acho que o que aprendi (indiretamente) com ele é que devemos ser educados com as pessoas. Eu sempre tento ser boazinha com ele, eu dou risada de tudo o que ele fala. Então acho que aprendi a ser dócil com ele. Se eu fosse uma dessas garotas mimadinhas, eu simplesmente daria um sorriso falso e lhe dava as costas. Que ótimo que não sou assim...

Então, para encerrar: queria que todos eles vivessem para sempre, mas como isso é impossível, vou fazer meu melhor enquanto habitar essa terra, porque quero ter certeza de que se tudo acabar aqui, não vou me arrepender de nada.

Amo vocês gente, de verdade. Vocês são para sempre, sem mais.

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