Aborto: discussão

Já vou avisando meus poucos leitores: se não tiver estômago, melhor não ler. Eu pensei muito antes de começar essa postagem: assisti à debates, discuti em sala de aula, li matérias diversas sobre o assunto e conversei com meus pais e meus amigos. A opinião geral é: oposição total ao aborto, com excessão dos casos de estupro/risco à vida da mãe/má formação do feto.

No Brasil, especificamente, é considerado como "crime contra a vida", o que gera sempre discussões morais/éticas/sociais. Quando realizado em outras circunstâncias que não sejam salvar a vida da gestante, bem como sua saúde física e mental, reduzir seletivamente o número de fetos para minorar a possibilidade de riscos associados a gravidezas múltiplas, o aborto é considerado crime e o seu praticante, bem como a gestante, são condenados de 1 a 10 anos de prisão (variando de acordo com a gravidade do crime).


Há também os chamados "efeitos colaterais", aqueles que surgem após o aborto em si. Entre esses efeitos estão o câncer de mama (teórico demais para eu explicar certinho) e a síndrome pós-abortivo, que tem a ver com a saninde mental da mãe, como, segunto Freud, "À morte de um filho não nascido, decidido sem remorso e sem hesitação." Além disso, a criança que tinha intenções de ser abortada, mas isso não foi possível tanto por pressão da sociedade ou respeito às leis, sofre problemas até mesmo depois da fase adulta, como necessidade de apoio psiquiátrico, pobreza, abuso de menores etc...


Bem, agora que já foram dadas as noções fundamentais do aborto, vou entrar com a minha opinião pessoal, que contém: religião, ética e política.


Meu professor de história perguntou para a classe quem concordava com o aborto em qualquer circunstância, quem discordava sobre qualquer objeção, e quem concordava em determinados aspectos. Eu escolhi a última opção, até que fui inundada com 1.000 teorias e pontos de vista sobre o aborto.


Depois de um tempo com aquilo na minha cabeça, eu comecei a achar que cada ser humano tem o seu livre-arbítrio e pode usá-lo conforme bem entender. O que cada um faz não é problema do Estado, eu pensei. Mas depois, eu conversei com um amigo meu, e ele me disse que não é culpa da criança se os pais não tiveram responsabilidade o suficiente para arcar com as consequências. Aquilo é uma vida, e essa vida não pode ser jogada fora, ainda mais porque ela não teve nem o direito de falar por sí própria. Alguns estudos dizem que, após a 7ª semana de gestação, já está desenvolvido no bebê o mecanismo de sensibilidade na pele. Isso quer dizer que ele teoricamente iria sentir dor. Já a posse da mãe sobre o feto é outra questão...


Para abortar, os métodos clinicos vão de acordo com o tempo de gestação. Até três meses, usa-se ervas, pílulas, e tudo mais. Até 23 semanas (não tenho certeza sobre esses números), curetagem ou evacuação, e até seis meses, vem o pior. Eu prefiro mostrar o horror que eu li tirado direto da fonte (Wikipédia). Então respirem fundo e leiam:


"Guiado por ultrassom, o médico agarra a perna do feto com um fórceps, puxa-a para o canal vaginal, e então puxa seu corpo inteiro para fora do útero, com exceção da cabeça. Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um catéter para sugar o cérebro do bebê e então retirá-lo por inteiro do corpo da mãe (dependendo da legislação do país, se o bebê respirar o ato configura-se como infanticídio, podendo ser punido pela lei).."


Horrível, não é? Totalmente desumano. Mas falemos sobre política agora.


Hoje no almoço, uns 40 minutos atrás, estava conversando com meus pais (de novo) sobre o aborto, e coloquei o que Estado não tem nada que meter o bedelho no corpo do povo, então meu pai me perguntou: "E qual é a função do Estado?" E foi aí que percebi que, entre outras funções, o Estado deve cuidar do bem estar público. Ele deve proteger cada vida, seja ela humana racional, seja ela irracional, vegetal... E tirar a vida de um feto não pediu para estar lá não se encaixa exatamente nos mandamentos legislativos.


E por último religião:


Eu me considero uma mistura de religiões, mas sou principalmente católica e protestante. Católica, digamos assim, porque frequento mais a Igreja Católica. De acordo com a Bíblia, primeiro de tudo, a relação sexual só deve existir para a reprodução de espécie, mas francamente, a porcentagem de pessoas (mesmo religiosas) que seguem isso ao pé da letra é miserável. É por isso que não se deve usar anticoncepcionais, nem alguns tipos de D.I.U.


Mas francamente, mesmo sendo religiosa, discordo totalmente de religião interferindo significativamente na política. Para mim, é água e óleo, e os tempos que religião intervia na política são águas passadas.


De qualquer forma, como grande parcela da população é adepta a práticas anti-aborto, o Estado tem até que ceder à essas vontades, com outros pontos de vista á parte, porque a discussão não teria fim se eu começasse a dar ênfase a todas as coisas que eu penso.


Então vou fechar o assunto e dar minha opinião sintetizada: volto à minha opção da sala de aula, que considera excessões, mas eu acho que nunca, nunca teria coragem de fazer isso. E não é só por causa da religião. Eu sei que tem muito mais coisa para falar, porque o assunto é vasto demais, mas a postagem já está quilométrica e cansativa. E se alguém tiver lido tudo, poderiam me dar um feedback? Mesmo que seja por Orkut, me diga o que vocês acharam sobre tudo isso, pelo lado pessoal mesmo. Espero vocês galerinha :)

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